No final do século XIX e início do século XX, o Brasil começou a sentir os efeitos da industrialização, especialmente em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Santos. Com ela, vieram também as primeiras grandes concentrações de trabalhadores nas fábricas e, inevitavelmente, os primeiros protestos contra as péssimas condições de trabalho, jornadas exaustivas e salários miseráveis.
Os operários, muitos deles imigrantes europeus que já traziam experiências de luta sindical de seus países de origem, foram os protagonistas das primeiras greves organizadas da história brasileira. Um dos marcos mais emblemáticos foi a Greve Geral de 1917, em São Paulo, que paralisou a cidade por semanas. A morte do jovem sapateiro José Martinez, durante um protesto, acendeu ainda mais os ânimos e provocou uma adesão em massa ao movimento.
Essas greves assustavam a elite econômica e política da época, acostumada a explorar sem contestação. A resposta do Estado não tardava: repressão policial, prisões arbitrárias, deportações de estrangeiros “agitadores” e, muitas vezes, violência física direta contra os trabalhadores. Não existia qualquer legislação que protegesse o direito à greve ou à organização sindical, pelo contrário, os sindicatos eram vistos como ameaças à ordem pública.
Apesar da brutalidade da repressão, os movimentos grevistas da época deixaram sementes importantes. Eles mostraram, na prática, a força da união dos trabalhadores e começaram a moldar a consciência coletiva da classe operária no Brasil. Também abriram caminho para conquistas futuras e para a própria formalização do movimento sindical nas décadas seguintes.
Hoje, olhar para essas lutas nos ajuda a entender que nada do que temos veio de graça, cada direito foi conquistado com muita resistência, suor e coragem de quem veio antes.