Quando falamos da história do movimento sindical no Brasil, não podemos deixar de destacar o papel fundamental desempenhado pelos imigrantes europeus. No final do século XIX e início do século XX, milhares de trabalhadores vindos da Itália, Espanha, Portugal, Alemanha e outros países chegaram ao Brasil em busca de melhores condições de vida, muitos fugindo da pobreza, das guerras ou da repressão política em suas terras natais.
Esses imigrantes não trouxeram apenas mão de obra. Trouxeram também ideias, experiências e uma consciência de classe que influenciariam profundamente a organização dos trabalhadores no país. Muitos já conheciam o sindicalismo, o anarquismo, o socialismo e as greves como formas legítimas de luta. Em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Santos e Porto Alegre, fundaram jornais operários, clubes de apoio mútuo, cooperativas e sindicatos.
A maioria desses trabalhadores atuava em setores industriais, como a construção civil, as fábricas têxteis, a indústria metalúrgica e os serviços portuários. As condições de trabalho eram precárias: jornadas de até 14 horas, baixos salários, ausência de direitos e repressão policial. Diante disso, começaram a surgir as primeiras greves organizadas, muitas vezes lideradas por imigrantes.
Um exemplo marcante é a Greve Geral de 1917, que será tema do nosso próximo artigo. Essa paralisação, que começou em São Paulo e se espalhou por outras cidades, teve forte presença de operários de origem italiana, espanhola e portuguesa.
Embora houvesse divergências internas entre os que defendiam o anarquismo, o socialismo ou o sindicalismo “puro”, todos tinham em comum o desejo de transformar a realidade do trabalhador brasileiro que, à época, vivia sem nenhuma proteção legal
A herança deixada por esses imigrantes é visível até hoje em muitas práticas do movimento sindical: a organização de assembleias, a defesa da autonomia sindical, a imprensa operária e o espírito de solidariedade entre os trabalhadores.